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terça-feira, 15 de março de 2011

Filme ” O Ritual”. Sua mensagem final é positiva e reforça a fé da Igreja na existência do Mal.

Por Felipe Viana


Multidões de sapos, convulsões desumanas, aparições de animais estranhos, portas que batem e um último combate à base de água benta e de imprecações escandalosas. Esta é resumidamente a imagem da existência do diabo e do exorcismo dada pelo filme O Ritual, que estreou nas telas da França no dia 09 de março [No Brasil, estreou no dia 11 de fevereiro.].

Gênero cinematográfico bem conhecido e rebatido, desde o legendário O Exorcista em 1973, o tema da possessão demoníaca deveria ser aqui renovado sob um ponto de vista inédito, mais documental e mais próximo da realidade da Igreja católica, era o que desejava a centena de padres com mandato oficial na França para caçar demônios, segundo pesquisa realizada em 2006.

Certamente, o diretor sacrificou uma parte da panóplia dos filmes de horror, o que decepcionará os fãs do gênero que não tem muito medo, em benefício de um cenário baseado sobre um testemunho verídico, este do Padre Gary Thomas, norte-americano enviado a Roma em 2005 para formação. Mas, apesar das aparências credíveis (o Vaticano, os guarda-roupas e o vocabulário eclesiástico, alguns artigos de Fé bem restituídos) ou as citações de João Paulo II – “o diabo ainda está vivo, e em ação no nosso mundo” –, Mickael Hafstöm conservou muito da magia e da inverossimilhança para refletir com justiça a prática dos exorcistas católicos.

Escassez de manifestações sobrenaturais

O filme se apóia sobre o livro de mesmo título, uma obra bem documentada do americano Matt Baglio, que seguiu a formação do Padre Gary Thomas. Ao longo do percurso do aprendiz exorcista, esse jornalista católico mescla pedagogicamente a história desta tradição da Igreja, as opiniões de teólogos, as diretrizes do Vaticano e diferentes testemunhos de ex-exorcistas, com, certamente, uma predileção pelos mais espetaculares.

Recorda especialmente a vontade de João Paulo II que cada bispo institua um exorcista oficial em sua diocese, e a reforma do Ritual do Exorcismo aprovado pelo Vaticano em 1998.
Mas ali onde o livro lembra a escassez das manifestações sobrenaturais, os progressos da medicina psiquiátrica, a prudência ensinada aos padres exorcistas, o filme só toma os aspectos espetaculares.

“O livro é um livro de educação para o discernimento, ao mesmo tempo psiquiátrico e espiritual; ele mostra a seriedade da formação em Roma [ao passo que] o filme se detém sobre o espetacular, sobre os corpos que escapam ao controle dos indivíduos, sobre as violências contra o exorcista durante o rito”, comentou à RFI Yves Briend, editor do livro em francês, muito decepcionado com a adaptação cinematográfica.

O cenário se afasta, por outro lado, rapidamente do livro transformando o Padre Thomas em um jovem seminarista mergulhado em dúvidas sobre sua fé, enviado a fazer exorcismos para reencontrá-la! O que irá acontecer, por milagre, uma vez o nosso jovem aprendiz confrontado com um velho e experiente exorcista, mas ele próprio possesso, representado por um singular Anthony Hopkins.

Jesus também expulsa demônios

Nos fatos, a Igreja age com grande prudência nesta delicada matéria. Se ela confessa a existência
do diabo (parágrafo 391 do Catecismo da Igreja Católica) e sua confiança no exorcismo (n. 1673), o faz apoiando-se primeiramente na Bíblia. “Quando se lê o Evangelho, Jesus faz curas e expulsa demônios, o que é incontestável, porque mesmo seus inimigos o reconheciam”, explica o teólogo Jean-Michel Maldamé.

Quanto ao exorcismo, ele não ficou caduco por conta dos progressos da medicina psiquiátrica.

“Atualmente, estamos em outra perspectiva em relação ao tempo de Cristo, onde se via dois tipos de curas, puramente corporais ou espirituais. Com a psiquiatria, hoje nós sabemos que a doença engloba a psique e o físico. Mas quando se fala do mal-estar de uma pessoa, a explicação médica não diz tudo. Na experiência humana, há um lugar para uma explicação mais transcendente e uma raiz espiritual para o sofrimento”, explica o Padre Maldamé.

Isso não impede que o Padre Gary Thomas se mostre entusiasmado com o filme. “Eles tomaram algumas liberdades, mas a mensagem central é apresentada no filme, e eu penso que é um filme sobre a fé”, declarou em uma entrevista nos Estados Unidos.
 
Fonte: Revista La Vie
 
 
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