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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Celibato: sua compreensão se faz à luz da fé, Surpresa seria o mundo aceitá-lo!.

'''Por Felipe Viana




Côn. Henrique Soares da Costa

 
O Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais – CERIS, divulgou recentemente uma pesquisa, segundo a qual 41% dos padres entrevistados teriam tido “envolvimento afetivo” com mulheres após a ordenação sacerdotal. Logo cuidou-se, na mídia, de interpretar “envolvimento afetivo” como sendo pura esimplesmente relação sexual. Mais uma pancada na Igreja!


Dias depois, já havia canais de televisão fazendo pesquisa de rua para saber se a população concorda ou não com o celibato dos padres.

Antes de tudo, é necessário esclarecer, como fez muito bem a Conferência dos Bispos do Brasil, que“envolvimento afetivo” é uma expressão que envolve um leque muito amplo de significados, não incluindo necessariamente relação sexual nem infidelidade ao celibato. 


Depois, não significa que, se algum padre foi infiel à sua promessa de celibato, tenha feito isso de modo contínuo e repetido… Portanto, neste particular, a pesquisa não diz muita coisa, como alguns quiseram insinuar. Mas, suponhamos – e é só uma suposição – que 41% dos nossos padres tivessem mantido relação sexual após a ordenação, que conseqüências isso teria para a disciplina do celibato na Igreja latina? Vejamos.

Primeiro, é preciso saber que o celibato não é uma disciplina obrigatória para toda a Igreja católica, mas somente para os padres de rito latino. Os padres católicos romanos de outros ritos (maronita, melquita, ucraniano, copta, armeno, etc) podem casar antes da ordenação, como os nossos diáconos o fazem. Pouca gente sabe disso…

Um segundo ponto: é necessário estar atento para o fato que o celibato sacerdotal somente pode ser compreendido à luz da fé. Um mundo tão hedonista como o nosso, tão pan-sexualizado, jamais compreenderá o celibato, como não compreenderá a indissolubilidade do matrimônio. De resto, não compreende o Evangelho de um modo geral. O próprio Jesus, ao falar do celibato – e ao aconselhá-lo – preveniu: “Quem tiver capacidade de compreender, compreenda!” (Mt 19,12). O mundo não tem nem pode ter tal capacidade, pois o estado celibatário é algo que somente tem sentido à luz da fé e dos valores do Reino de Deus. 
          
O mundo pensa com os critérios do mundo, o cristão pensa com os critérios do Evangelho; e aqui não há acordo!
Mas, podem perguntar alguns: tem sentido manter a disciplina do celibato hoje, quando tantos padres não lhe são fiéis? Poderíamos também perguntar: tem sentido falar-e em fidelidade conjugal, se tantos esposos são infiéis? Tem sentido falar-se em honestidade na política se tantos políticos são desonestos? Como se pode ver, a pergunta é superficial e não tem muita importância para a Igreja…O celibato sacerdotal não é um dogma de fé católica; é uma disciplina eclesiástica. Um dia, poderia ser abolida a sua obrigatoriedade. A Igreja o mantém porque vê nele um valor. Cristo o viveu e o recomendou (cf. Mt 19,10-12); também Sã Paulo (cf. 1Cor 1-40). Os primeiros bispos, padre e diáconos, mesmo podendo casar-se, se ficassem viúvos, não poderiam casar novamente (cf. 1Tm 3,2; Tt 1,6).


A Igreja, povo de Deus, pouco a pouco, foi vendo sempre mais, no permanecer solteiro por amor do Reino dos Céus, um valor espiritual. Primeiro, para imitar o Cristo que escolheu viver neste estado para dedicar-se totalmente ao serviço do Reino; depois, como um sinal de que aqui estamos de passagem e não temos morada permanente; finalmente, como um modo de estar mais disponível para o trabalho apostólico.


Foi na Idade Média, no século XIII, no IV Concílio de Latrão, que o celibato foi, finalmente, colocado como condição para todos aqueles que recebem o sacerdócio ministerial.

Certamente, hoje, com a mentalidade permissiva da sociedade atual, a vivência do estado celibatário é mais difícil, como também é difícil a castidade (viver retamente a sexualidade, tendo relações somente no casamento) exigida pelo Cristo para todos os seus discípulos. Mas, qual a solução?


Eliminar o preceito da castidade para o cristão, traindo o Cristo? Eliminar pura e simplesmente a disciplina do celibato, capitulando facilmente? A Igreja não fará isso! Quem pensa o contrário não conhece a Igreja católica!

O desafio, o problema, a questão é formar bem nossos seminaristas: formá-los para uma afetividade sadia e equilibrada, formá-los para uma vida celibatária realizada e feliz. E uma tal vivência é plenamente possível quando se tem como ideal e sonho o Reino de Deus. 


O grande desafio, na questão do celibato, é a formação nos seminários; o restante é de menor importância. É falsa a idéia que, acabando com o celibato, os padres seriam mais castos. Há tantos e tantos casados que são infiéis… É falsa também a idéia que haveria um aumento no número de vocações sacerdotais. O Brasil nunca teve tantos seminaristas como atualmente. O problema – repito – é a formação desses jovens!



Problemas, nesta área da afetividade e da sexualidade, sempre haverá no clero, nos quartéis, nos tribunais, entre ministros não-católicos, entre casados… Infelizmente, a fraqueza humana é uma realidade com a qual temos que fazer as contas todos os dias. A questão é que um escandalozinho envolvendo um padre, celibatário, ministro do Evangelho, é um prato cheio para os que gostam de denegrir a Igreja e, assim fazendo, apagar algo mais do pouco de consciência cristã que nosso mundo ainda possui.

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