Por Felipe Viana
PALAVRAS DO
PAPA BENTO XVI
NO FINAL DA
VIA-SACRA NO COLISEU
Monte Palatino
Sexta-feira Santa, 6 de
Abril de 2012
Queridos irmãos e irmãs!
Acabamos de recordar, através das meditações, da oração e dos cânticos, os
passos de Jesus no caminho da Cruz: um caminho que parecia sem saída e, no
entanto, mudou a vida e a história do homem, abrindo a passagem para «os novos
céus e a terra nova» (cf. Ap 21, 1). De modo especial neste dia de
Sexta-Feira Santa, a Igreja celebra, com profunda adesão espiritual, a memória
da crucifixão do Filho de Deus e, na sua Cruz, vê a árvore da vida – árvore
fecunda duma nova esperança.
A experiência do sofrimento marca a humanidade e, naturalmente, a família.
Quantas vezes o caminho se torna cansativo e difícil! Incompreensões, divisões,
preocupação com o futuro dos filhos, doenças, incômodos de vários tipos. Para
além disso, a situação de muitas famílias vê-se agravada, hoje em dia, pela
precariedade do emprego e outras consequências negativas provocadas pela crise
econômica. O caminho da Via-Sacra, que acabamos de percorrer
espiritualmente nesta noite, é um convite feito a todos nós, e de modo especial
às famílias, para contemplarmos Cristo crucificado a fim de termos a força de
ultrapassar as dificuldades. A Cruz de Jesus é o sinal supremo do amor de Deus
por cada homem, a resposta superabundante à necessidade que toda a pessoa sente
de ser amada. Quando passamos pela prova, quando as nossas famílias enfrentam o
sofrimento, a tribulação, olhemos para a Cruz de Cristo! Nela encontraremos a
coragem para prosseguir o caminho, podendo repetir, com firme esperança, estas
palavras de São Paulo: «Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a
angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…) Mas, em tudo
isso, somos mais que vencedores graças Àquele que nos amou!» (Rm 8,
35.37).
Nas tribulações e dificuldades, não estamos sozinhos; não está sozinha a
família: Jesus está presente com o seu amor, sustenta-a com a sua graça e dá-lhe
a força para prosseguir, enfrentando os sacrifícios e superando qualquer
obstáculo. E, quando os desvarios humanos e outras dificuldades põem em risco e
ferem a unidade da nossa vida e da nossa família, é para o amor de Cristo que
devemos voltar-nos. O mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo
encoraja-nos a continuar com esperança. Se forem vividos com Cristo, com fé
n’Ele, os dias de tribulação e de prova trazem já dentro de si a luz da
ressurreição, a vida nova do mundo ressuscitado, a páscoa de todo o homem que
crê na sua Palavra.
Naquele Homem crucificado que é o Filho de Deus, mesmo a própria morte ganha
novo significado e orientação, é resgatada e vencida, torna-se passagem para a
nova vida: «Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, continua só um grão
de trigo; mas, se morrer, então produz muito fruto» (Jo 12, 24).
Confiemo-nos à Mãe de Cristo. Ela que acompanhou o seu Filho ao longo da via
dolorosa, Ela que esteve aos pés da Cruz na hora da sua morte, Ela que encorajou
a Igreja desde o seu nascimento a viver na presença do Senhor, conduza os nossos
corações, os corações de todas as famílias, através do vasto mysterium
passsionis rumo ao mysterium paschale, rumo à luz que irrompe da
Ressurreição de Cristo e manifesta a vitória definitiva do amor, da alegria e da
vida, sobre o mal, o sofrimento e a morte. Amém.
Fonte: Boletim diário da Santa Sé