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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Holanda terá unidade móvel para eutanásia

Por Felipe Viana


"Iniciativa é para casos em que há recusa da família ou do médico em causar a morte"

A Holanda lança no próximo mês a primeira unidade móvel do mundo que fará eutanásia em domicílio.

A equipe vai atuar quando a família ou os médicos se recusarem, por motivos éticos, a dar drogas letais a pacientes incuráveis que desejam morrer. A eutanásia é legalizada na Holanda desde 2002. A pessoa tem permissão para fazê-la se o sofrimento for "duradouro e insuportável".

Por ano, o país realiza 2.700 eutanásias, segundo a Associação Direito de Morrer. A estimativa é que, com a unidade móvel, ao menos mais mil sejam feitas anualmente.

A ideia é que as unidades (serão seis) também atendam pessoas com demências.

A Federação dos Médicos Holandeses é contrária à iniciativa porque acredita que alguns pacientes poderiam ser tratados. "Sempre há possibilidade de um outro tipo de ajuda", afirmou um porta-voz da entidade.

Cada unidade móvel de eutanásia terá um médico e uma enfermeira. O doente é sedado e entra em coma. Depois, é aplicada outra droga que provoca a parada cardiorrespiratória e morte.

A iniciativa, apoiada pelo governo holandês, já provoca polêmica em outros países. Na Grã-Bretanha, Phyllis Bowman, do grupo Direito à Vida, disse estar "absolutamente chocado".

"É uma verdadeira tragédia quando você considera que na Segunda Guerra Mundial o holandês se recusou a implementar o programa de eutanásia nazista."

No ano passado, a ministra da Saúde da Holanda, Edith Schippers, disse ao parlamento holandês que as unidades são "para pacientes que sofrem insuportavelmente sem nenhuma perspectiva de melhora", mas cujos médicos não estão dispostos a fazer eutanásia


CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO



 

A Igreja está viva e não tem medo de evangelizar, diz o Papa

Por Felipe Viana





























VATICANO, 16 Fev. 12  - Em um discurso dado esta manhã a um grupo de bispos da Europa e África no Vaticano, o Papa Bento XVI assinalou que a Igreja está viva e não tem medo de cumprir sua missão de evangelização ante os muitos e graves desafios do mundo de hoje.

Assim indicou o Santo Padre ao receber aos participantes do segundo simpósio dos bispos europeus e africanos, inaugurado no dia 13 de fevereiro e dedicado ao tema "A evangelização hoje: comunhão e cooperação pastoral entre a África e a Europa".

O Santo Padre explicou que a tarefa da evangelização requer a oração e o compromisso de todos já que "parte integrante da vocação de todos os batizados, que vocação à santidade. Quão cristãos têm uma fé viva e estão abertos à ação do Espírito Santo se convertem em testemunhos com a palavra e a vida do Evangelho de Cristo".

O Papa ressaltou a necessidade das relações da Igreja na África, com suas dificuldades, e a que está na Europa, junto à qual confrontam desafios comuns sustentando-se no laço comum da caridade.

Nesse marco, os bispos devem "ter em conta o vínculo essencial entre a fé e a caridade, porque ambas se iluminam mutuamente em sua verdade. A caridade favorece a abertura e o encontro com o homem de hoje, em sua realidade concreta, para levá-lo para Cristo e a seu amor por cada pessoa e cada família, especialmente pelos que são pobres e estão sozinhos".

Bento XVI se referiu logo às dificuldades que enfrentam os bispos, como a indiferença religiosa "que leva muitas pessoas a viverem como se Deus não existisse ou a conformar-se com uma religião vaga, incapaz de enfrentar a questão da verdade e o dever da coerência; o peso do ambiente secularizado e freqüentemente hostil à fé cristã" e "o hedonismo, que contribuiu a que a crise de valores penetre na vida cotidiana".

"Sintomas de um grave mal-estar social também a difusão da pornografia e da prostituição. Vocês são bem conscientes destes desafios, que movem suas consciencias pastorais e seu sentido de responsabilidade", acrescentou o Papa.

Entretanto, estes desafios, não devem desanimar os bispos, mas "brindar a ocasião de redobrar o compromisso e a esperança que nasce da certeza de que Cristo ressuscitado está sempre conosco".

O Pontífice remarcou logo o papel central da família na pastoral já que "a garantia mais sólida para a renovação da sociedade".

"Na família que custodia costumes, tradições e rituais imbuídos de fé, encontra-se o melhor terreno para o florescimento das vocações", disse, convidando os participantes no simpósio a prestar uma atenção particular "à promoção das vocações sacerdotais e de consagração especial".

Recordando que a família "é também o centro de formação da juventude", o Papa sublinhou que tanto a Europa como a África necessitam "jovens generosos que, com responsabilidade, tomem as rédeas do seu futuro".

Ele também exortou as instituições a recordarem que o futuro está nas mãos destes jovens e por isso é importante "fazer todo o possível para garantir que seu caminho não esteja marcado pela incerteza e a escuridão".

"Na formação das novas gerações a dimensão cultural assume um papel importante (...) A Igreja respeita cada descoberta da verdade, porque toda verdade procede de Deus, mas sabe que o olhar da fé posto em Jesus abre a mente e o coração do ser humano à Verdade primeira que é Deus".

"Desse modo, a cultura alimentada pela fé conduz à verdadeira humanização, enquanto que as falsas culturas desembocam na desumanização: na Europa e na África tivemos tristes exemplos", observou o Papa.

"Seu simpósio brindou-lhes a oportunidade de refletir sobre os problemas da Igreja nos dois continentes. Efetivamente, eles não escasseiam e são às vezes relevantes, mas, por outro lado, também provam que a Igreja está viva, que cresce, e que não tem medo de levar adiante sua missão de evangelização".

Finalmente o Papa fez um chamado especial aos bispos a viverem a santidade pessoal, que "deve resplandecer em benefício dos que foram confiados à vossa atenção pastoral e a quem deveis servir. Vossa vida de oração irrigará desde o interior o vosso apostolado".

"Um bispo deve ser um apaixonado por Cristo. A autoridade moral e a credibilidade que sustentam o exercício de seu poder jurídico, só poderão provir então da santidade de suas vidas", concluiu.
 

 

Fonte:ACI/EWTN Noticias

Falso Papa e "freira vermelha" nos Grammys é grave agressão aos católicos

Por Felipe Viana


LOS ANGELES, 16 Fev. 12 (ACI/EWTN Noticias) - O presidente da Liga Católica, Bill Donohue, assinalou que a atuação da rapper Nicki Minaj nos recentes prêmios Grammy foi um grave ataque ao catolicismo, que se soma a outros que sofrem os membros da Igreja nos Estados Unidos.

No domingo 12 Minaj subiu ao cenário dos Grammy com um vestido vermelho de Versace que simulava um hábito de religiosa, acompanhada de um homem disfarçado de Papa.

A rapper cantou seu tema "Roman Holiday" e interpretou uma jovem endemoninhada, rodeada de iconografia cristã e de um grupo de bailarinos vestidos de monges.

"Certamente a parte mais vulgar foi a declaração sexual que mostrou a uma bailarina com roupa ligeira estirando-se para trás enquanto que uma coroinha se ajoelhava entre suas pernas para 'rezar'", assinalou Donohue.

Nesse sentido, o líder católico afirmou que "nada disto foi um acidente e tudo esteve aprovado pela Academia da Gravação. Se Minaj está possuída é certamente uma pergunta aberta, mas não cabe dúvida da irresponsabilidade da Academia da Gravação. Nunca permitiriam que um artista insultasse o judaísmo ou o islã".

Minaj disse posteriormente que seu espetáculo foi uma referência à cantora Madonna, conhecida também por suas agressões à fé.

Entretanto, Donohue disse que a atuação de Minaj se une à lista de "ataques" aos católicos nos Estados Unidos, onde se encontram atualmente lutando "por seus direitos" frente a um Governo que se mostra "hostil" ao catolicismo.


Fonte: ACI/EWTN Noticias

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Bento XVI envia novo Núncio ao Brasil

Por felipe Viana




Dom Giovanni tem 57 anos, nasceu em Aversa (Itália), foi ordenado sacerdote em dezembro de 1978. É doutor em Direito Canônico. Ingressou no Serviço Diplomático da Santa Sé em 1983, tendo desempenhado a sua atividade junto às Representações Pontifícias do Burundi, Tailândia, Líbano, Brasil e Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, no Vaticano. Foi nomeado Núncio Apostólico na República Democrática do Congo, em 2001, e em 2010, foi transferido para a Tailândia e Camboja.

Dom Lorenzo Baldisseri, que foi nomeado secretário para a Congregação para os Bispos, no Vaticano, escreveu uma nota em que agradece ao povo brasileiro, e em especial, aos bispos do Brasil por sua acolhida.

“Ao concluir minha missão de Núncio Apostólico no Brasil, confio a estas linhas as expressões dos meus sentimentos de gratidão a todo o episcopado, ao clero e aos fiéis que me acompanharam durante estes nove anos aqui transcorridos, e por me terem facilitado o cumprimento do meu mandato”, disse Dom Lorenzo.



Fonte: CNBB

"Jamais nos encontraremos fora das mãos de Deus"


Por Felipe Viana


A catequese de Bento XVI durante a Audiência Geral

CIDADE DO VATICANO, (15/02/2012 - ZENIT.org) - Apresentamos o resumo da catequese de Bento XVI aos fiéis e peregrinos reunidos hoje, na Sala Paulo VI, para a Audiência Geral.
             
Queridos irmãos e irmãs,



O Evangelho de São Lucas nos transmite três palavras de Jesus na Cruz. A primeira é um pedido de perdão para os seus algozes: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem». Deste modo, Jesus cumpre aquilo que ensinara no Sermão da Montanha: «Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam». A segunda palavra de Jesus na Cruz é a resposta ao pedido do "bom ladrão", um dos homens que estavam crucificados com Ele: «Ainda hoje estarás comigo no Paraíso». Jesus está ciente de entrar diretamente na comunhão com o Pai e de abrir de novo ao homem a estrada para o Paraíso de Deus. A última palavra de Jesus é um grito de derradeira entrega a Deus, num ato de total abandono: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Ao colocar-Se inteiramente nas mãos do Pai, Jesus nos comunica a certeza de que por mais duras que sejam as provas, jamais nos encontraremos fora das mãos de Deus, as mesmas que nos criaram, sustentaram e acompanham no caminho da vida, com um amor infinito e fiel.

* * *

Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os fiéis brasileiros vindos de Curitiba, a quem exorto a aprender do exemplo da oração de Jesus, uma oração cheia de serena confiança e firme esperança no Pai do Céu, que nunca nos abandona. Que as Suas Bênçãos sempre vos acompanhem! Ide em paz!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Papa nomeia bispo para Pesqueira e arcebispo para Campinas

Por Felipe Viana



O papa Bento XVI nomeou na manhã de hoje, 15, para a diocese vacante de Pesqueira (PE), o bispo auxiliar de Fortaleza (CE), dom José Luiz Ferreira Salles. E para a arquidiocese de Campinas (SP), transferiu o bispo de Mogi das Cruzes (SP), dom Airton José dos Santos.
Dom José Luiz Ferreira Salles nasceu em janeiro de 1957, em Itirapina (SP). Sua ordenação episcopal foi em sua terra natal, em 1985, e a ordenação episcopal foi em 2006, na capital cearense.

Fez Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e Teologia no Instituto Teológico São Paulo (SP).
Dom José Luiz já trabalhou nas Missões Populares, foi coordenador da equipe missionária em Garanhuns (PE), administrador paroquial na par[oquia de São Pedro, em Caraúbas, da diocese de Campina Grande (PB) e foi nomeado reitor da Casa de Teologia Inter-Provincial dos Missionários Redentoristas em Fortaleza (2005-2006).
Seu lema episcopal é “Deus é Amor”.


 Dom Airton José
Dom_Airton_e_o_PapaJá o novo arcebispo de Campinas, dom Airton José dos Santos, nasceu em 1956, em Bom Repouso (MG). Sua ordenação episcopal se deu no dia 02/03/2002, em São Bernardo do Campo (SP). Estudou Filosofia na Faculdade Associadas do Ipiranga (SP) e Teologia na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção (SP).                                             
    Dom Airton foi bispo auxiliar de Santo André (SP), secretário do Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo), membro da Comissão Episcopal para os Tribunais Eclesiásticos de Segunda Instância (2007 a 2011).

Seu lema Episcopal é “Para Fazer ó Deus a Tua Vontade”.

Fonte:Santa Igreja

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MENSAGEM DO SANTO PADRE PARA A QUARESMA 2012

Por Felipe Viana



«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras»


(Heb 10, 24)


Irmãos e irmãs!


A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.


Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.


1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.


O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).


A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.


O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.


2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.


O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.


Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).


3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.


Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.


Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).


Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.


Vaticano, 3 de Novembro de 2011
BENEDICTUS PP XVI


Como entender Cristo na Hóstia Consagrada

Por Felipe Viana

"Só Deus pode transubstanciar"


Em todo ser há um conjunto de coisas que podem mudar, como o tamanho, a cor, o peso, o sabor, etc., e um substrato permanente que, conservando-se sempre o mesmo, caracteriza o ser, que não muda. Esse substrato é chamado substância, essência ou natureza do ser. Em qualquer pedaço de pão há coisas mutáveis: a cor, tamanho, gosto, o sabor, a posição, sem que a substância que as sustenta mude; esta substância ninguém vê; mas é uma realidade. Assim, há homens de cores diferentes, feições diferentes, etc.; mas todos possuem uma mesma substância: uma alma humana imortal, que se nota pelas suas faculdades, as quais os animais não têm: inteligência, liberdade, vontade, consciência, psique, entre outros.

Quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a substância deste muda ou se converte totalmente em substância do Corpo humano de Jesus (donde o nome "transubstanciação"), ficando, porém, os acidentes externos (aparências) do pão (gosto, cor, cheiro, sabor, tamanho, etc.); sendo assim, sem mudar de aparência, o pão consagrado já não é pão, mas é substancialmente o Corpo de Cristo. O mesmo se dá com o vinho; ao serem pronunciadas sobre ele as palavras da consagração; sua substância se converte na do Sangue do Senhor, pelo poder da intervenção da Onipotência Divina.

Isso explica como o Corpo de Cristo pode estar simultaneamente presente em diversas hóstias consagradas e em vários lugares ao mesmo tempo. Jesus não está presente na Eucaristia segundo as suas aparências, como o tamanho ou a localização no espaço. Uma vez que os fragmentos de pão se multiplicam com a sua localização própria no espaço; assim onde quer que haja um pedaço de pão consagrado, pode estar de fato o Corpo Eucarístico de Cristo.

Uma comparação: quando você olha para um espelho, aí você vê a imagem do seu rosto inteiro; se quebrá-lo em duas ou mais partes, a sua imagem não se quebrará com o espelho, mas continuará uma imagem inteira em cada pedaço.

É preciso, então, entender que a presença de Cristo Eucarístico pode se multiplicar, sem que o Corpo do Senhor se multiplique. Isso faz com que a presença do Cristo Eucarístico possa multiplicar (sem que o Corpo d'Ele se multiplique) se forem multiplicados os fragmentos de pão consagrados nos mais diversos lugares da Terra. Não há bilocação nem multilocação do Corpo de Cristo.

O Corpo de Cristo, sob os acidentes do pão, não tem extensão nem quantidade próprias; assim não se pode dizer que a tal fragmento da hóstia corresponda tal parte do Corpo de Cristo. Quando o pão consagrado é partido, só se parte a quantidade do pão, não o Corpo de Jesus.

Assim muitas hóstias e muitos fragmentos de hóstia não constituem muitos Cristos – o que seria absurdo – , mas muitas "presenças" de um só e mesmo Cristo. Analogamente a multiplicação dos espelhos não multiplica o objeto original, mas multiplica a presença desse objeto; também a multiplicação dos ouvintes de uma sinfonia não multiplica essa sinfonia, mas apenas a presença desta.

Por essas razões, quando se deteriora o Pão Eucarístico por efeito do tempo, da digestão ou de um outro agente corruptor, o que se estraga são apenas os acidentes do pão: quantidade, cor, figura, entre outros, e nesse caso, o Corpo de Cristo deixa de estar presente sob os Véus Eucarísticos; isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo quis que, nas espécies ou nas aparências de pão e vinho, garantir a Sua presença sacramental, e não nas de algum outro corpo.

A fé católica ensina uma conversão total e absoluta da substância do pão na do Corpo de Cristo; o Concílio de Trento rejeitou a doutrina de Lutero, que admitia a “empanação” de Cristo: empanação, segundo a qual permaneceriam a substância do pão e a do vinho junto com a do Corpo e a do Sangue de Cristo; o pão continuaria a ser realmente pão (e não apenas segundo as aparências), o vinho continuaria a ser realmente vinho (e não apenas segundo as aparências), de tal sorte que o Corpo de Cristo estaria como que “revestido” de pão e vinho. Para o Concílio de Trento e, para a fé católica, esse tipo de presença de Cristo na Eucaristia é insuficiente; é preciso dizer que o pão e o vinho, em sua realidade íntima (substância), deixam de ser pão e vinho para se tornarem a realidade mesma do Corpo e do Sangue de Cristo.

Assim como na criação acontece o surgimento de todo o ser, também na Eucaristia há a conversão de todo o ser. Essa “conversão de todo o ser” é “conversão de toda a substância” ou “transubstanciação”.

Assim como só Deus pode criar (tirar um ser do nada), só Deus pode “transubstanciar”; ambas as atividade supõem um poder infinito que só o Senhor tem.

Para entender um pouco melhor o milagre da Transubstanciação podemos dizer ainda o seguinte: No milagre da Multiplicação dos Pães, Jesus mudou apenas a espécie do pão (no caso a quantidade), mas não mudou a sua natureza, continuou sendo pão. Quando Ele fez o milagre das Bodas de Caná, mudou a natureza da água (passou a ser vinho) e mudou também a sua espécie (cor, sabor, etc); no milagre da Transubstanciação, o Senhor muda apenas a natureza do pão e do vinho (passam a ser seu Corpo e Sangue) sem mudar a espécie (cor, sabor,cheiro, tamanho, etc.).

Tudo por amor a nós; Ele, o Rei do universo, se faz pequeno, humilde, indefeso... nas espécies sagradas do pão e do vinho, para ser nosso alimento, companheiro, modelo, exemplo, força, consolação...


Fonte: Felipe Aquino
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